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Influência da Postura Sobre a Lombalgia
Um dos fatores etiológicos da lombalgia crônica em ciclistas é a flexão de tronco sustentada por longos períodos (MELLION, 1995; CALLAGHAN; JARVIS,
1996; SANNER; O’HALLORAN, 2000; ASPLUND; ST PIERRE, 2004), em especial quando o ciclista assume uma postura visando otimização de aspectos aerodinâmicos. O ciclismo da modalidade triathlon é o que apresenta posicionamentos com maior flexão de tronco (MANNINEN; KALLINEN, 1996), seguida pela modalidade estrada (road bike) e montanha (mountain bike). Usabiaga et al. (1997) relatam que o treinamento envolve postura específica à modalidade praticada e adaptação corporal ao esforço físico. Uma postura adequada sobre a bicicleta é fundamental para não incorrer em redução do desempenho ou aumentar o risco de lesão (DE VEY MESTDAGH, 1998; SALAI et al., 1999; SANNER; O’HALLORAN, 2000).
De modo geral, a postura de flexão de tronco utilizada no ciclismo produz uma retificação da lordose lombar, aumenta a tensão do complexo ligamentar posterior e altera a transmissão da pressão sobre os discos intervertebrais, que passam a experimentar aumento da pressão na porção anterior (comprimida) enquanto a posterior é distendida. A distensão da porção posterior do disco e do complexo ligamentar posterior por estimulação mecânica, resultante da postura adotada, induz à lombalgia, pois ambas as estruturas recebem inervação de ramos do nervo sinovertebral e interpretam esta alteração biomecânica como estímulo doloroso. A redução da pressão intradiscal pela redistribuição da sobrecarga imposta ao disco durante a posição de flexão de tronco é alcançada quando o ciclista apoia as mãos sobre o guidão (USABIAGA et al., 1997).
Basicamente três mecanismos podem ser associados à lombalgia em ciclistas (BURNETT et al., 2004). O primeiro, de acordo com Burnett et al. (2004), está relacionado ao fenômeno da flexão-relaxamento, que se manifesta pelo silêncio mioelétrico (não ativação) dos eretores da coluna ao final da amplitude de flexão. Quando as forças musculares são reduzidas, estruturas como ligamentos e discos intervertebrais são colocadas em maior risco de lesão. Enquanto vários ligamentos intervertebrais garantem a estabilização primária das vértebras adjacentes e limitam os movimentos de flexão da coluna vertebral, a musculatura intrínseca e extrínseca à coluna lombar garante a estabilização secundária (ADAMS, 2004). Em segundo lugar, a lombalgia crônica não específica em ciclistas pode resultar em ativação excessiva dos extensores da coluna, resultando em aumento da tensão muscular de toda a coluna lombar. Esse mecanismo foi previamente sugerido como causa da lombalgia crônica não específica (BURNETT et al., 2004). Em terceiro lugar, a flexão prolongada pode ser um importante fator etiológico para a lombalgia, pois a porção posterior do annulus fibrosos pode sofrer microlesões cumulativas (USABIAGA et al., 1997; BURNETT et al., 2004).
Fonte: Di Alencar TAM, Matias KFS, Bini RR, Carpes FP. Revisão Etiológica da Lombalgia em Ciclistas. Rev. Bras. Ciênc. Esporte, 2011; 33(2): 507-528.
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